Semana Científica celebra 100 anos do IFF/Fiocruz com debates sobre saúde e desenvolvimento

 

A Semana Científica do Centenário do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) marcou o início da celebração do centenário da instituição com uma série de palestras e debates que abordaram temas essenciais para a promoção da saúde e o desenvolvimento social. Realizado de forma presencial no Salão Nobre do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no Rio de Janeiro, o evento também contou com transmissão virtual, reunindo renomados especialistas e autoridades para discutir desafios e avanços na área da saúde, com destaque para a Agenda 2030 e a importância de manter o empenho pela equidade social e igualdade de gênero. O evento aconteceu entre os dias 2 e 4 de abril e contou com a participação de profissionais, pesquisadores e gestores de todo o país.

 Integrantes da mesa de abertura da Semana Científica do IFF/Fiocruz

No primeiro dia da Semana Científica do IFF/Fiocruz, a mesa de abertura contou com a presença do coordenador de Educação do IFF/Fiocruz, Zilton Vasconcelos; do coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico do IFF/Fiocruz, Saint Clair Gomes; da diretora executiva da Fundação de apoio à Fiocruz (Fiotec), Cristiane Teixeira Sendim; da coordenadora de Atenção à Saúde da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS) da Fiocruz, Patrícia Canto; e do diretor do IFF/Fiocruz, Antônio Meirelles. A presença desses destacados profissionais ressaltou o compromisso e a importância do Instituto na promoção da ciência e da saúde.

Diretor do IFF/Fiocruz, Antônio Meirelles

Antônio Meirelles enfatizou a importância da instituição e sua dedicação à inclusão e equidade: "Temos uma gestão que valoriza as mulheres, pessoas pretas, LGBTQIA+ e com deficiência". Cristiane Teixeira reforçou o compromisso de apoio ao Instituto e à sociedade brasileira: "Reafirmamos o compromisso de apoiar o IFF/Fiocruz em toda e qualquer ação para o benefício da sociedade". Por sua vez, Patrícia Canto destacou a importância da instituição para a saúde pública nacional: "É um Instituto que se destaca não só no Rio de Janeiro, mas a nível nacional, com suas ações para todos os estados".

A conferencista, Elaine Reis Brandão, e o moderador, Marcos Nascimento, professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e do IFF/Fiocruz respectivamente, abordaram os desafios para garantir os direitos reprodutivos e sexuais

Garantia dos direitos sexuais, reprodutivos e aqueles relacionados à violência contra adolescentes e mulheres

No módulo "Garantia dos direitos sexuais, reprodutivos e aqueles relacionados à violência contra adolescentes e mulheres", moderado pelo professor e pesquisador do IFF/Fiocruz, Marcos Nascimento, a professora associada do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UERJ), Elaine Reis Brandão, destacou a importância histórica do Instituto e sua contribuição nacional na promoção da saúde de mulheres, crianças e adolescentes. "Nem tenho palavras para descrever toda a minha emoção e prazer de estar em uma unidade que tem toda essa relevância para o país". Além disso, abordou os desafios enfrentados para garantir direitos reprodutivos e sexuais, destacando a necessidade de uma luta contínua por justiça social e igualdade de gênero: "Precisamos de aliados comprometidos com o bem comum e com uma sociedade que lhes inspire confiança e respeito mútuo".

Corina Mendes, professora e pesquisadora do Instituto, destacou a importância de contar com marcos legais na luta por direitos humanos

Os painelistas convidados para esse módulo trouxeram contribuições significativas para o debate. A pesquisadora e professora do Programa de Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher (PPGSCM) do IFF/Fiocruz, Corina Mendes, enfatizou a importância de marcos legais e conferências internacionais na luta por direitos: "Este ano, celebra-se os 18 anos da Lei Maria da Penha. Comemora-se também a Conferência do Cairo e a Convenção de Belém do Pará". Destacou ainda a necessidade de ação para efetivar direitos reprodutivos e sexuais: "São direitos humanos e devem ser selados para serem efetivos".

Carlos Renato Alves da Silva, pesquisador do IFF/Fiocruz

Já o pesquisador do Instituto, Carlos Renato Alves da Silva, trouxe à tona questões complexas sobre transexualidade e o ambiente prisional: "Temos que transcender esse nosso conhecimento. Esse lugar aqui é importante para mim e para vocês, mas temos que transcender para os leigos com outros saberes". Ele também abordou os desafios enfrentados pela população LGBTI+ no sistema prisional e na sociedade em geral.

Implicações na Saúde das Desigualdades e Vulnerabilizações

Na sequência, o módulo "Como as desigualdades e vulnerabilizações ligadas ao gênero, raça/etnia, classe e deficiência fazem mal à saúde de mulheres, crianças e adolescentes", teve como conferencista a psicóloga do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) e especialista em Estudos Feministas da Deficiência, Karla Garcia, e como moderadora a pesquisadora e professora do PGSCM do IFF/Fiocruz, Tatiana Wargas.

Os painelistas convidados foram: a coordenadora do eixo de Relações Étnico-Raciais da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz), Roseli Rocha, a professora e coordenadora do Núcleo de Equidade, Diversidade e Políticas Afirmativas do IFF/Fiocruz, Martha Moreira; o pediatra e psiquiatra da infância e adolescência do IFF/Fiocruz, Orli Carvalho Filho; e a professora e pesquisadora do Instituto, Paula Gaudenzi, também membro do referido Núcleo junto com Orli.

Karla Garcia, palestrante e especialista em Estudos Feministas da Deficiência

Na palestra de Karla Garcia, foram abordadas questões cruciais sobre o cuidado e a comunicação no campo da saúde, especialmente em relação à pessoa com deficiência. Ela destacou a importância de discutir a ética do cuidado, enfatizando que profissionais de saúde devem ser formados considerando o modelo social. Karla ressaltou a necessidade de uma abordagem sensível e cuidadosa ao comunicar diagnósticos e prognósticos, reconhecendo que esses momentos são cruciais para as pessoas e suas famílias.

Além disso, ela enfatizou a importância dos direitos sexuais e reprodutivos, incluindo o direito à identidade de gênero e à orientação sexual das pessoas com deficiência. "Por que os profissionais de saúde não são formados na base epistemológica do modelo social? Essa questão fundamental aponta para a necessidade de uma mudança na formação profissional para garantir uma abordagem mais inclusiva e respeitosa no cuidado à saúde das pessoas com deficiência”.

Roseli Rocha da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas da Fiocruz (Cedipa)

Durante o debate sobre equidade no Sistema Único de Saúde (SUS) e suas implicações nas desigualdades em saúde, a painelista convidada, Roseli Rocha, ressaltou a importância de incluir a perspectiva da equidade em todos os debates relacionados à saúde pública. Destacou que, embora muitas vezes a discussão sobre equidade seja vista como opcional, é uma responsabilidade de todos os profissionais garantir a equidade no sistema de saúde. "Eu sempre digo que essa é uma responsabilidade de todos os profissionais que trabalham na saúde", enfatizou Roseli sobre a necessidade de um compromisso coletivo para enfrentar as desigualdades em saúde e garantir que o SUS cumpra seu papel na promoção do bem-estar de toda a população, independentemente de raça, gênero, classe ou deficiência.

No centro, Paulo Gadelha, coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030

Agenda 2030

No último módulo do dia, intitulado "A Agenda 2030, seus objetivos e metas para a saúde da mulher, crianças e adolescentes", o diretor do IFF/Fiocruz, Antônio Meirelles, assumiu o papel de moderador. O conferencista foi o ex-presidente da Fiocruz, de 2009 a 2016, e coordenador da Estratégia Fiocruz para a Agenda 2030 (EFA 2030), Paulo Gadelha. Para enriquecer o debate, os painelistas convidados foram: a pesquisadora e professora do PPGSCM do Instituto, Claudia Bonan; o ginecologista e gestor da Área de Atenção Clínico-cirúrgica à Mulher do IFF/Fiocruz, Rodrigo Cruz; e o pediatra e infectologista do Instituto, Márcio Nehab. O módulo focou em discutir os objetivos e metas estabelecidos pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), destacando sua relevância para a promoção da saúde e bem-estar das mulheres, crianças e adolescentes.

Durante a conferência, Paulo Gadelha falou sobre a importância do diálogo em um momento crucial para a saúde global, como o atual. Ele enfatizou a importância dos relatórios nacionais voluntários na avaliação do progresso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, sublinhando que esses relatórios são uma forma de apresentar como os países estão lidando com as dimensões econômica, social e ambiental.

Gadelha ressaltou a conexão entre a agenda climática e a saúde, destacando a necessidade de integrar as duas agendas para enfrentar os desafios contemporâneos. Ele também abordou os retrocessos enfrentados em várias áreas da saúde, apontando para a relevância de ações como o Programa de Imunidade Vestual e o Bolsa Família, enquanto delineava os desafios enfrentados, como a mortalidade materna e infantil e a questão do aborto, evidenciando a complexidade do cenário brasileiro em relação à saúde e ao desenvolvimento sustentável.

Gadelha também enfatizou a importância da colaboração contínua entre as equipes, destacando que "a união faz a força e nos impulsiona a alcançar nossos objetivos com maior eficiência e eficácia". Ele ressaltou que cada membro desempenha um papel fundamental no sucesso coletivo, enfatizando a necessidade de comunicação aberta e apoio mútuo para superar desafios e atingir metas.

(Esq. a Dir). Márcio Nehab, infectologista pediátrico do Instituto; Claudia Bonan, professora do PPGSCM; e Rodrigo Cruz, gestor da Área de Atenção Clínico-cirúrgica à Mulher do IFF/Fiocruz

As participações dos painelistas convidados foram enriquecedoras. Claudia Bonan ressaltou a importância de detalhar marcos significativos, como os 40 anos da Política Nacional de Assistência Integral à Saúde da Mulher, frisando que "a integralidade é um conceito aberto que aponta para um objetivo mais concreto". Rodrigo Cruz abordou a relação da saúde da mulher com a Agenda 2030, destacando a necessidade do acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, citando dados relevantes e a contribuição do IFF/Fiocruz para esses objetivos. Já Márcio Nehab enfatizou o compromisso do Instituto com a Agenda, compartilhando sua história de luta na saúde perinatal e neonatal, além do enfrentamento da pandemia de Covid-19 e epidemias, enfatizando a importância de dar visibilidade às crianças com condições de saúde complexas e vulneráveis. 

Para encerrar o módulo sobre a Agenda 2030, Paulo Gadelha refletiu sobre a complexidade de sua implementação, a urgência de abordar a vulnerabilidade e a necessidade imperativa de incluir uma perspectiva de gênero. “Devemos romper com a invisibilidade dos mais vulneráveis e enfrentar as desigualdades que persistem. Conectar nossa prática cotidiana com essas metas é essencial para promover uma mudança efetiva. Nossos discursos reiteram o compromisso do Instituto com a promoção da saúde e o combate às desigualdades, alinhado aos objetivos da Agenda 2030. É fundamental que ninguém seja deixado para trás”.

Assista as palestras na íntegra em nosso canal de YouTube:

Módulos 1 e 2: https://www.youtube.com/watch?v=gHR3QKSna0k

Módulo 3: https://www.youtube.com/watch?v=xRB4yEPN1CY

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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